Produtividade nacional: causas e impulsionadores
Portugal enfrenta um desafio estrutural persistente relacionado aos seus índices de produtividade — um problema crónico que tem sido debatido há décadas nos círculos económicos e políticos nacionais. Atualmente, segundo o Eurostat, a produtividade por hora trabalhada em Portugal corresponde a cerca de 74% da média europeia. Esta discrepância significativa constitui um entrave ao crescimento económico sustentável e à competitividade internacional, afetando diretamente os rendimentos das empresas e dos trabalhadores.
Causas
Apesar de alguns avanços em setores específicos, a produtividade média por trabalhador continua abaixo dos níveis europeus, refletindo uma série de fatores, desde a estrutura produtiva nacional até à insuficiência de investimentos em capital humano e tecnológico.
O aumento da produtividade em Portugal exige uma abordagem multifacetada para enfrentar os principais desafios que colocaram o país na cauda da Europa.
Desde logo, estudos e observações empíricas identificam a falta de qualificações adequadas, tanto das lideranças como dos colaboradores, como um obstáculo à adoção de novas tecnologias e à melhoria dos processos produtivos. Associada a este fator está uma cultura organizacional frequentemente pouco orientada para a inovação, competência e melhoria contínua.
Além disso, a burocracia excessiva e a complexidade do sistema fiscal dificultam a atividade empresarial, desencorajam o investimento e tornam Portugal menos atrativo para investidores estrangeiros.
O baixo investimento em investigação e desenvolvimento, que permanece inferior à média europeia, limita a capacidade de inovação e a criação de novos produtos e serviços com potencial para se destacarem no mercado global.
Outro fator crítico é a dificuldade de acesso ao crédito, especialmente por parte das micro e pequenas empresas, o que restringe o seu crescimento e capacidade de investimento.
A nível estratégico, destaca-se também a insuficiente adoção de tecnologias. Embora alguns progressos tenham sido feitos, muitas empresas ainda não exploraram todo o potencial da digitalização para otimizar processos, melhorar a eficiência e aumentar a sua competitividade.
A digitalização e a transformação digital são, de facto, cruciais para impulsionar a produtividade em Portugal. Tecnologias como inteligência artificial, big data, internet das coisas e automação permitem às empresas otimizar processos, tomar decisões mais informadas, analisar grandes volumes de dados, identificar novas oportunidades de negócio e melhorar a experiência do cliente.
Estas ferramentas podem também fomentar a inovação, criar novos produtos e serviços, introduzir modelos de negócio disruptivos e aumentar a competitividade no mercado global.
Superar o desafio da produtividade em Portugal exige uma ação concertada de todos os agentes económicos e sociais. A digitalização e a transformação digital são elementos-chave para posicionar o país como uma economia mais competitiva e inovadora.